quarta-feira, 26 de julho de 2017

15 FILMES IMPERDÍVEIS (E ESCONDIDOS) NA NETFLIX - PARTE 1

Já é quase clichê fazer listas de filmes escondidos no grande e variado catálogo da Netflix do Brasil, mas nunca é demais fuçar um pouco mais profundamente e descobrir obras que, por um motivo ou outro, podem ter passado em branco diante de tantas opções. Essa lista - dividida em duas partes - não se pretende definitiva ou tampouco imune a críticas ou questionamentos: é apenas (mais) um guia para quem pretende passar duas horas em frente à TV se divertindo sem precisar necessariamente desligar o cérebro.

01 - O ABUTRE (Nightcrawler, 2014) - Direção: Dan Gilroy



Jake Gyllenhaal está assustador nessa severa crítica à mídia sensacionalista, que concorreu ao Oscar de roteiro original e colocou o ator em várias listas de melhores do ano. Ele interpreta (de corpo e alma) um homem que, vivendo de vender imagens de desgraças à uma emissora de televisão, percebe que pode lucrar ainda mais quando começar a manipular as cenas que filma, ultrapassando o limite entre testemunha e participante. O diretor Dan Gilroy é irmão do também cineasta Tony (de "Conduta de risco", com George Clooney) e é casado com a estrela do filme, Rene Russo. Além do mais, o filme revelou o talento do ator Riz Ahmed, da ótima série "The night of".

02 - CAKE: UMA RAZÃO PARA VIVER (Cake, 2014) - Direção: Daniel Barnz



Os fãs da série "Friends" finalmente podem ver a extensão do talento dramático de Jennifer Aniston nesse filme um tanto carregado de melancolia e tristeza, mas dotado de um senso de poesia e de um final otimista que o impede de escorregar no sentimentalismo. Aniston, desprovida de qualquer glamour, interpreta uma mulher traumatizada de corpo e alma pela morte do filho pequeno que descobre uma nova esperança ao conhecer um jovem viúvo e seu filho - também carregando a dor da perda. Indicada ao Golden Globe de melhor atriz, Jennifer apresenta seu melhor momento no cinema até agora, mas que o público não espere nada de leve ou alto astral.

03 - UM CONTRATEMPO (Contratiempo, 2016) - Direção: Oriol Paulo



Um cineasta argentino de grande talento, Orion Paulo tem no currículo o surpreendente "O corpo", mas em "Um contratempo" ele vai ainda mais longe em seu esforço de pegar a plateia de surpresa a cada reviravolta do roteiro. O ótimo Mario Casas é o protagonista, um executivo bem-sucedido acusado de matar a amante e que conta com a ajuda de uma competente e experiente advogada para sair ileso do julgamento. Mais do que isso não convém falar: é uma surpresa atrás da outra, até o final impactante. Bom texto, direção segura e uma história envolvente. Imperdível! 

04 - DEMÔNIO (Devil, 2010) - Direção: John Erick Dowdle



Conhecido como o diretor de "O sexto sentido", que lhe deu fama e prestígio (além de um par de indicações ao Oscar), M. Night Shyamalan assina como produtor dessa pequena pérola do cinema de suspense. Ele é também o autor da estória de um grupo de pessoas que, presas dentro de um elevador, descobre que o demônio em pessoa está no meio deles. Tentar adivinhar qual deles é quem não diz ser - como nas melhores tramas da escritora inglesa Agatha Christie - é o grande gancho da trama, que não tem atores conhecidos no elenco, foi realizado com orçamento mínimo e mesmo assim é muito superior a grandes produções do gênero realizadas pelos estúdios hollywoodianos. Vale a pena descobrir!

05 - DOIS CARAS LEGAIS (The nice guys, 2016) - Direção: Shane Black


Talvez seja difícil imaginar Russell Crowe fazendo rir, mas é exatamente isso o que acontece nessa comédia de ação escrita e dirigida por Shane Black - o cara que de certa forma criou a estrutura básica dos filmes de ação holywoodianos dos anos 80, com "Máquina mortífera". Tudo bem que Crowe conta com a providencial ajuda de Ryan Gosling (um ator com ótimo timing cômico e uma versatilidade incomum), mas é injusto não reconhecer a forma como ele se reinventa na pele de um detetive particular que, em plena década de 70, tenta descobrir o paradeiro da filha de uma poderosa Kim Basinger. Piadas inteligentes, ritmo incessante e uma química impecável entre os protagonistas pontuam um filme despretensioso e que acaba por ser uma experiência das mais divertidas.

06 - ESCOBAR: PARAÍSO PERDIDO (Escobar: paradise lost, 2014) - Direção: Andrea Di Stefano



Personagem já comum no imaginário popular - também graças ao trabalho de Wagner Moura na série "Narcos" - o traficante colombiano Pablo Escobar ganha vida nas mãos do extraordinário Benicio Del Toro, mas aqui ele é apenas um coadjuvante. O protagonista é interpretado pelo jovem Josh Hutcherson (dos filmes "Jogos vorazes"), que mostra segurança e carisma na pele de um americano que, depois de casar-se com uma sobrinha de um homens mais poderosos do país, descobre que precisa ajustar-se a regras de lealdade e conduta que podem colocar-lhe em rota de colisão com seus princípios - e ameaçar sua vida. O diretor Andrea Di Stefano tem domínio narrativo e transforma os quarenta minutos de seu filme em um jogo de gato e rato de deixar a respiração suspensa. Um filme a ser descoberto.

07 - EX-MACHINA: INSTINTO ARTIFICIAL (Ex-machina, 2014) - Direção: Alex Garland



Autor do livro que deu origem ao filme "A praia", com Leonardo DiCaprio, o escritor Alex Garland conquistou uma indicação ao Oscar de melhor roteiro original por essa sua estreia na cadeira de diretor, que surpreendeu ao levar a estatueta de efeitos visuais contra "Star Wars: o despertar do Império". Na verdade, é uma ficção científica minimalista, que abdica de grandes cenas de ação para concentrar seu foco em um trio de protagonistas de tirar o fôlego: um jovem programador (Domhnall Gleeson), um recluso cientista (Oscar Isaac) e um robô feminino com inteligência artificial (Alicia Vikander) ficam confinados em uma propriedade afastada de tudo e passam a experimentar uma inédita forma de relacionamento entre humanos e androides. Surpreende e entretém na medida certa.