08 - EXPRESSO DO AMANHÃ (Snowpiercer, 2013) - Direção: Joon-ho Bong
Em um futuro distópico onde quase toda a vida na Terra foi exterminada pela falha de um experimento climático, os sobreviventes vivem em um trem e são separados por suas classes sociais. Quando uma rebelião explode, o líder Chris Evans e seus apoiadores resolvem exigir igualdade entre todos - o que dá origem a uma viagem repleta de surpresas, um ritmo admirável e um elenco de grandes atores (Tilda Swinton, Ed Harris, John Hurt, Jamie Bell). Um enorme acerto do cineasta sul-coreano conhecido dos cinéfilos mais ecléticos graças ao filme de monstro "O hospedeiro" (2006) e ao denso "Mother - a busca pela verdade" (2009).
09 - GUERREIRO (Warrior, 2011) - Direção: Gavin O'Connor
Joel Edgerton é um professor que precisa ganhar dinheiro para pagar o tratamento da filha pequena. Tom Hardy é um ex-delinquente juvenil que pede a ajuda do pai com problemas com o álcool (Nick Nolte, indicado ao Oscar de coadjuvante) para vencer o campeonato de MMA. Os dois chegam juntos à final - e tem muito mais em comum do que a plateia poderia esperar. O diretor Gavin O'Connor - que dirigiu "O contador", com Ben Affleck, em 2016 - constrói uma narrativa envolvente e emocionante, que pega em cheio até mesmo àqueles que não estão nem aí para o esporte. Foi um dos filmes que empurraram Tom Hardy para o estrelato - e ele não agarrou a oportunidade com unhas e dentes.
10 - INVENCÍVEL (Unbroken, 2015) - Direção: Angelina Jolie
O segundo filme de Angelina Jolie como diretora - o primeiro foi "Na terra de amor e ódio", de 2011 - é um passo à frente em sua carreira atrás das câmeras, que prosseguiu com o drama "À beira-mar", em que atuou ao lado do ex-marido Brad Pitt. "Invencível" é, por enquanto, seu melhor trabalho. Tendo a sorte de contar com um personagem principal quase inacreditável, uma história forte e emocionante (sublinhada por ela com toques de um sutil cristianismo) e profissionais de primeira linha (a fotografia de Roger Deakins, indicada ao Oscar, é espetacular), Jolie demonstra sensibilidade e inteligência acima da média. Baseado em fatos reais, o filme é estrelado pelo jovem Jack O'Connell, que emociona do início ao fim como um atleta que, pego pelos japoneses como prisioneiro da II Guerra Mundial, passa por situações que o forçam a testar sua fé em Deus. Não é um filme religioso, nem uma produção de guerra comum. É apenas um pequeno grande filme.
11 - LOCKE (Locke, 2013) - Direção: Steven Knight
Tom Hardy não é apenas um (bom) ator de filmes de ação. Ele sabe dar vida a tipos mais dramaticamente complexos, como mostra esse angustiante filme do inglês Steven Knight (indicado ao Oscar de roteiro original por "Coisas belas e sujas" em 2004). Sozinho em cena o tempo todo, Hardy interpreta o personagem-título, um homem que está na estrada para acompanhar o parto de uma amante ocasional em outra cidade e, no caminho, precisa resolver problemas profissionais, lidar com o filho que lhe exige atenção, revelar à esposa sua escapulida extraconjugal e tomar as providências necessárias para o parto iminente. Detalhe: ele faz tudo pelo telefone. Parece chato, mas Hardy dá um show e envolve o público em seus dramas sem derramar mais do que algumas furtivas lágrimas. Imperdível!
12 - O PREDESTINADO (Predestination, 2014) - Direção: The Spierig Brothers
Esse fascinante conto de ficção científica - concebido por Robert A. Heinlen - é um típico exemplo de história que, quanto menos se souber melhor. O que dá pra dizer sem estragar nenhuma surpresa é que Ethan Hawke vive um policial que, em uma tentativa de caçar um perigoso criminoso que matou centenas de pessoas, viaja no tempo e dá de cara com uma trama intrincada e quase inacreditável. A atuação corajosa de Hawke, a direção segura dos irmãos Spierig e a revelação da ótima Sarah Snook conseguem o improvável: dar verossimilhança a um jogo de reviravoltas de espantar até ao mais escolado espectador. Uma pérola do gênero!
13 - SETE MINUTOS DEPOIS DA MEIA-NOITE (A monster calls, 2016) - Direção: J.A. Bayona
O espanhol J.A. Bayona já assustou em "O orfanato" (2007) e fez chorar em "O impossível" (2012). Em "Sete minutos depois da meia-noite" ela volta a fazer as duas coisas, mas dessa vez ao mesmo tempo - e baseado em um livro infantojuvenil. O ótimo Lewis MacDougall trabalha como gente grande, interpretando um menino que, para lidar com a grave doença da mãe (Felicity Jones, indicada ao Oscar por "A teoria de tudo"), conta com a ajuda de uma gigantesca e apavorante árvore em forma de monstro que, para lhe ensinar as coisas da vida, inicia uma série de histórias cuja moral o garoto só poderá compreender completamente quando chegar a hora. De emocionar ao mais empedernido ser humano, ainda apresenta efeitos visuais interessantíssimos e a presença de Sigourney Weaver.
14 - SETE PSICOPATAS E UM SHIH TZU (Seven psychopats, 2012) - Direção: Martin McDonagh
Segunda parceria entre o diretor Martin McDonagh e o ator Colin Farrell - a primeira foi com "Na mira do chefe", indicado ao Oscar de roteiro original em 2009. Dessa vez eles vão ainda mais longe na criatividade, misturando metalinguagem, humor negro e sequências de ação que não poupam os clichês do cinemão hollywoodiano. Farrell, brilhante, vive um roteirista que passa por um bloqueio criativo em um filme chamado "Sete psicopatas" e começa a receber a ajuda de um amigo pouco confiável (Sam Rockwell, usando e abusando da cara de louco). Enquanto apresenta os psicopatas criados por Farrell dentro da narrativa, McDonagh conta seus percalços para cumprir sua missão - e mostra personagens bizarros interpretados por gente como Christopher Walken, Woody Harrelson e Harry Dean Stanton. Não é um filme para qualquer público, mas tem momentos de genialidade.
15 - SING STREET (Sing Street, 2016) - Direção: Art Carney
O nome de Art Carney pode ainda não ser popular, mas sua regularidade não deixa de ser impressionante. Depois dos ótimos "Apenas uma vez" (2007) - vencedor do Oscar de melhor canção - e "Mesmo se nada der certo" (2013) - indicado na mesma categoria - ele voltou a encantar com "Sing Street", usando os mesmos ingredientes de seus trabalhos anteriores. Simplicidade, delicadeza, ritmo e diálogos humanos são a matéria-prima de Carney, que conta histórias sobre pessoas comuns e sublinha suas emoções sempre com trilhas sonoras arrebatadoras. Dessa vez, ele volta os olhos (e os ouvidos) para a década de 80, para narrar as aventuras românticas de um adolescente que cria uma banda de rock para conquistar o amor da menina por quem é apaixonado. Sem nenhum astro no elenco - mas uma música-tema cantada por Adam Levine, do Maroon 5 - o diretor cativa pela honestidade e pelo carisma de seus atores novatos. Outra pérola a ser descoberta!